Fazendo Gênero 10 - Desafios atuais dos feminismos
Universidade Federal de Santa Catarina - 16 a 20 de Setembro de 2013
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087. Mulheres em discurso: processos de subjetivação e práticas de resistência
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087. Mulheres em discurso: processos de subjetivação e práticas de resistência

Coordenadoras/es: Águeda Aparecida da Cruz Borges (Doutor(a) - Universidade Federal de Mato Grosso), Mónica Graciela Zoppi Fontana (Doutor(a) - Universidade Estadual de Campinas)
Resumo: Este simpósio temático tem por objetivo promover uma discussão sobre a produção e interdição histórico-discursiva de lugares de enunciação para as mulheres, na sua relação constitutiva com os processos de subjetivação/identificação do sujeito do discurso. Para isso, consideram-se os dispositivos de enunciação que permitem historicamente a produção da subjetividade, na contradição de filiações de sentidos e memórias discursivas a partir das quais se constroem as identificações, tanto de gênero, quanto outras historicamente entrelaçadas, como as de posicionamento ideológico, filiações étnicas, inscrições sociais e territorialidades rurais e urbanas, representações políticas, mediação midiática. Almejamos propiciar uma reflexão sobre a relação do dizer com sua circulação na sociedade e a emergência de novas formas de enunciação que dão lugar à ruptura com processos de reprodução dos sentidos dominantes.
O quadro teórico que serve de esteio a esta reflexão é o da Teoria da Análise de Discurso, tal como desenvolvida a partir dos trabalhos fundadores de Michel Pêcheux e colaboradores na França e de Eni Orlandi e colaboradores no Brasil, na sua articulação original e produtiva.
O simpósio visa propiciar análises tanto de processos de emergência quanto de interdição e silenciamento de lugares de enunciação para a mulher nas sociedades brasileira e francesa atuais e em diversos momentos de sua história. Especial ênfase será dada a trabalhos que analisem práticas de resistência nas quais a identificação de gênero apareça materialmente imbricada a outras identificações contra-hegemônicas.
Almeja-se que os trabalhos inscritos no simpósio descrevam, com base em dados originais, o funcionamento dos dispositivos enunciativos que fornecem a base material para a emergência e representação discursiva de novos lugares de enunciação. Nosso principal objetivo é compreender, a partir do debate promovido pelo simpósio, a relação entre o processo de formação do sujeito político e social e as práticas discursivas que deslocam sentidos sobre a identificação de gênero na história.
Compreendemos o gênero como uma construção discursiva, efeito de um processo de interpelação complexo e contraditório. Assim, pensamos as identificações de gênero articuladas com outras identificações nos processos de subjetivação, como: etnia, classe social, filiação política, afetos e emoções, territorialidades, etc...
Para a Análise de Discurso, os sentidos “não existem em si mesmos”, em uma relação transparente com seus significantes e referentes; pelo contrário, eles são determinados pelas “posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, expressões e proposições são produzidas ” (PÊCHEUX, 1988, p. 160). Discutimos a relação entre os processos de subjetivação e as práticas de resistência que surge das contradições internas à dominação ideológica. A quebra do ritual de assujeitamento gerada pela subjetivação na resistência possibilitaria a ruptura com a reprodução do discurso da dominação ao produzir um acontecimento histórico que rompe o círculo da repetição.
Acreditamos ser esta uma forma de participar do esforço teórico e político para dar visibilidade às mulheres e aos seus dizeres, por considerar as relações assimétricas de gênero e a luta política das mulheres para conquistar um espaço de dizer no discurso e na história.

Local

Sala 246, Bl. A, 2º Andar, Centro de Comunicação e Expressão (CCE)

Debatedores/Sessões

Não foram indicados debatedores.


Programação


19/09 - Quinta-feira
  • Cintia Lima Crescêncio (Universidade Federal de Santa Catarina)
    O riso feminista na imprensa alternativa (1970-1980)
    Há séculos o riso tem sido objeto de estudos, principalmente por parte de filósofos e psicanalistas que o encararam como gesto social (Henri Bergson), como ferramenta destruidora de ideologias (Quentin Skinner), como melancolia travestida (Sigmund Freud). Em meio a inúmeros usos, o riso feminista, que subverte em função de não explorar estereótipos de maneira convencional, categoria muito lembrada na conceituação do riso, não tem sido objeto de análise, seja por décadas de perseguição debochada às feministas, seja pela prevalência do binômio sério/divertido. A partir dessa constatação o presente texto tem como objetivo refletir sobre os usos do riso explorados por feministas, analisando, para isso, charges e tirinhas publicadas em periódicos feministas que circularam nos países do Cone Sul durante o que se convencionou chamar de Segunda Onda Feminista (segunda metade do século XX). Com a exploração dessas fontes pretendo responder alguns questionamentos: O riso feminista enquadra-se nos sentidos do cômico e do risível até então estabelecidos? O uso de estereótipos é função obrigatória na provocação do riso? Pode o riso feminista, com evidentes intenções transformadoras, servir de instrumento de revolução e reflexão?
    Palavras-chave: Riso feminista; Charges; Tirinhas; Periódicos feministas e instrumento de revolução.

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  • Roselaine Dias da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
    A constituição do sujeito político lésbica nas Marchas Lésbica e na Jornada Lésbica Feminista no Rio Grande do Sul
    Este trabalho resulta da pesquisa intitulada A constituição do sujeito político lésbica nas Marchas Lésbica e na Jornada Lésbica Feminista no Rio Grande do Sul que objetivou compreender como a Marcha e a Jornada Lesbica Feminista constituem o sujeito político lésbica.Buscou-se retratar como militantes percebem a constituição do sujeito político lésbica.Bem como, perceber como se dá o processo de empoderamento frente à afirmação da identidade sexual como bandeira de luta política.As participantes foram questionadas se essas ações de fato constituem-se instrumentos para o enfrentamento à lesbofobia no Estado.As análises desse trabalho foram adquiridas pela metodologia de grupo focal numa abordagem qualitativa, onde as mulheres foram convidadas a discorrer sobre suas experiências e percepções dentro do movimento.A metodologia auxiliou na percepção de como as mulheres participantes se vêem enquanto sujeitos em sua atuação política.Utilizou-se recursos de mídia para analisar como mulheres lésbicas se manifestam em ações de rua em Porto Alegre.
    Palavras-chave: Sujeito político; Empoderamento; Identidade coletiva; Lesbofobia.

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  • Mariana Jafet Cestari (Universidade Estadual de Campinas)
    Mulheres negras: de Palmares às escolas de samba
    Um dos elementos constitutivos do lugar de enunciação do “movimento de mulheres negras” no Brasil nos anos 80 é sua diferenciação relativa ao “discurso feminista” que fala da e em nome da “mulher” como grupo homogêneo. Tendo em vista tal funcionamento, o principal objetivo do trabalho é analisar o “nós, mulheres negras” desse enunciador coletivo, efeito da evidência do sujeito como origem do seu dizer e do deslocamento das filiações sócio-históricas de identificação. A partir de um corpus composto por textos publicados na imprensa, vídeos e depoimentos de feministas negras, descrevo e interpreto o funcionamento do “nós político” e os efeitos de pré-construído de “mulher”, “negro” e “mulher negra”, considerando-os como objetos paradoxais que têm seus efeitos de sentido deslocados de acordo com as formações ideológicas e as redes de memória. No confronto com a materialidade discursiva produzida pelo movimento de mulheres negras e com os processos de subjetivaçao no discurso que interseccionam gênero, raça e classe, reconhecendo ainda a especificidade do objeto teórico discurso na Análise de Discurso e sua polissemia nas ciências humanas, pergunto pelos aportes e possibilidades de ressignificação das abordagens dos estudos de gênero que destacam as noções de discurso e linguagem.
    Palavras-chave: Análise de Discurso; Feminismo negro; Mulheres negras; Subjetivação; Memória.

  • Moacir Lopes de Camargos (Universidade Federal do Pampa)
    Sobre fronteiras: os corpos trans (in)visíveis na cidade de Bagé, RS
    O objetivo desta comunicação é discutir a (in)visibilidade das travestis na cidade de Bagé, RS. Situada a 60 km da cidade de Aceguá (Uruguai), Bagé é conhecida por preservar e promover a tradição gaúcha; e se orgulha por tal fato. No entanto, ao mesmo tempo em que há uma constante luta pela “preservação” e perpetuação da identidade cultural gaúcha nessa zona fronteiriça, há corpos que, mesmo sendo gaúchos, não podem fazer parte desta tradição, pois não circulam na/pela cidade letrada (Rama, 1982). Mas sob o véu pálido da noite, esses mesmos corpos trans ocupam, estrategicamente, pontos centrais da cidade para usar seus corpos, considerados abjetos (Butler, 2000) à luz do dia. Durante o primeiro semestre de 2013, entrevistamos travestis da cidade de Bagé que trabalham como profissionais do sexo. Com apoio em discussões de estudos sobre gênero e discurso advindos de diferentes autores (Foucault, Green, Parker, dentre outros), analisamos as relações entre corpo e identidade. Observamos que esta, para os corpos trans, como afirma Weedon (1992), se revela como sendo um lugar de luta e sempre mutável, ou seja, em constante negociação, o que agride a pretensa essencialidade daqueles que buscam preservar uma tradição cultural que ainda está calcada em padrões hegemônicos rígidos.
    Palavras-chave: Corpos trans; Fronteira; Discursos; Identidade.

  • Jefferson Voss (Universidade Estadual de Campinas)
    Poder e resistência nos processos de subjetivação das “mulheres transfeministas”: sobre o papel da crítica da noção de gênero nos “transfeminismos”
    Foucault (1970) diz sobre o comentário como um dos procedimentos internos de controle e delimitação do discurso, de modo que ele também apaga a dimensão de acontecimento e de acaso do aparecimento de um enunciado. Pelo comentário, conjuntos ritualizados de discursos, narrativas, fórmulas, textos entram num fluxo desnivelado em que ora são ditos e passam, ora se tornam origem de novos atos. Para Foucault, a novidade não está no que é dito, mas no acontecimento que figura o retorno do velho. Minha discussão pretende se valer dessa metáfora do comentário a fim de refletir sobre o exercício do poder e da resistência nos modos de subjetivação das “mulheres transfeministas”. Analiso textos do sítio “transfeminismo.com”, que concentra um dos modos de organização política do chamado “Transfeminismo” no Brasil. Procuro, na esteira do que propõe Foucault (1970, 1980) sobre o papel da crítica e do intelectual, entender como se configura a crítica na relação do Transfeminismo com outros feminismos e com teorias de gênero, dando relevância à especificidade da produção de saberes por mulheres trans*. Quanto ao modo de análise, além de discutir comentário e acontecimento, me valho das noções de efeito de pré-construído e de efeito de sustentação como são tratadas por Pêcheux (1975).
    Palavras-chave: Transfeminismo; Resistência; Crítica; Análise de Discurso.

  • Luana Ferreira de Souza (Universidade Estadual de Campinas)
    Pornô para elas: modos de funcionamento do discurso pornográfico feminista
    O debate feminista situa a discussão da produção e consumo da pornografia num antagonismo homogêneo e sem falhas no qual só há espaço para se pensar posições feministas anti ou pró-pornô. Adentrando nessa problemática, propomos com este trabalho um estudo, ancorado na Análise do Discurso materialista, que nos permita compreender as relações da discursividade dos filmes pornôs produzidos por mulheres para mulheres, conhecidos como pornô feminista, com a discursividade do projeto político dos feminismos. A perspectiva discursiva nos permite compreender os dizeres que circulam no discurso feminista não sobre efeito de evidência, mas compreender “de outra maneira a história, não como sucessão de fatos com sentidos já dados, dispostos em sequência cronológica, mas como fatos que reclamam sentidos (HENRY, 1994). O nosso interesse com este trabalho é compreender os modos pelos quais o discurso pornográfico feminista se significa e é significado na dualidade do debate dos feminismos. Tomamos como objeto analítico diversas materialidades: entrevistas, blogs e sites, inscritas na discursividade da produção e consumo desses filmes, as quais nos permitirão analisar o trabalho simbólico da contradição e os modos de funcionamento da resistência no discurso pornô feminista.
    Palavras-chave: Análise do discurso; Pornografia; Feminismo.

  • Glória da Ressurreição Abreu França (Universidade Estadual de Campinas)
    Entre ditos e não-ditos. A imagem da mulher brasileira no discurso do turismo
    Fundamentando-se na teoria de Análise de Discurso materialista, estudamos o processos discursivos de identificação/subjetivação da mulher e, nesse sentido, trazemos os resultados de nossa análise baseada em diferentes formas de nomear a mulher, encontradas em dois espaços de enunciação a partir dos quais constituímos o corpus: um guia de turismo (Petit Futé) e um fórum de discussão na internet. Esse cruzamento de dados foi de extrema importância, pois nos permitiu perceber, a partir da categorização da mulher nos fóruns enquanto, “belas mulheres”, “prostituta”, “mulher fácil”, o sutil jogo de presença/ausência desses nomes nos guias de turismo. Buscamos assim contribuir com as reflexões que se preocupam com a construção social da “realidade” (/da mulher) através da linguagem (discurso), pois nos colocamos na mesma corrente de pensamento que acredita que dar um “nome”, enquanto ato do discurso, não pode ser separado de suas consequências políticas e sociais.
    Palavras-chave: Análise de discurso; Mulher brasileira; Identificação/subjetivação; Turismo.

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  • Tyara Veriato Chaves (Universidade Estadual de Campinas)
    Marcha das Vadias. Corpo, sujeito e ideologia
    Nosso objeto de reflexão evoca discussões em torno dos processos de subjetivação/identificação no/pelo discurso em seus pontos de resistência sob a dominação ideológica procurando compreender o sujeito enquanto materialidade, na relação do corpo com a ideologia. O ponto de partida para o desenvolvimento da análise parte da seguinte pergunta: como o corpo feminino vem sendo significado no Movimento Marcha das Vadias? O corpus é constituído de enunciados publicados no coletivo Marcha das Vadias de Belo Horizonte no Facebook. Esta discussão se desenvolverá a partir de um diálogo entre os Estudos Feministas e de Gênero, e os princípios teóricos e procedimentos metodológicos da Teoria Materialista do Discurso (AD). A escolha dessas referências justifica-se por proporcionar subsídios para analisar o processo de interpelação do sujeito pela Ideologia, o funcionamento da memória e os diversos efeitos de exclusão e silenciamento que incidem sobre os processos de construção discursiva do sujeito.
    Palavras-chave: Análise do Discurso; Identidade; Corpo; Marcha das Vadias.

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  • Nadia Regia Maffi Neckel (Universidade do Sul de Santa Catarina)
    Corpo feminino no audiovisual contemporâneo: o corpo operário e o corpo suporte
    As discussões aqui delineadas estão voltadas para pensar corpo feminino na arte e mais especificamente audiovisual contemporâneo enquanto materialidade discursiva em suas projeções sensíveis. Nosso percurso analítico que se pauta na forma e funcionamento da imagem feminina em suas diferentes tessituras (fílmica e pictórica) assim como, processos de produção de sentido da/na materialidade significante em suas ancoragens, inscrições e filiações no histórico-social (Teceduras). Se a arte contemporânea, em seu funcionamento, cita as artes de tradição, que sentidos dominantes continuam circulando, silenciando, interditando, ou, legitimando o corpora feminino? Que posições de identificação, desidentificação e contraidentificação a mulher produz na arte? Que marcas do conceito de feminilidade francesa (representadas na História da Arte) continuam ecoando em produções artísticas brasileiras contemporâneas? Para responder a tais questões, ancoro-me na perspectiva teórico metodológica da Análise do Discurso de linha francesa pecheuxtiana num movimento de compreensão de produções artísticas que tematizam a corporeidade feminina em diferentes posições sujeito político e social e suas práticas discursivas que deslocam ou legitimam sentidos de gênero na história.
    Palavras-chave: Corpo feminino; Discurso; Arte; Gênero.

  • Valquiria Botega de Lima (Universidade Estadual de Campinas)
    Sentidos sobre mulheres e cidade em séries televisivas
    Nossas reflexões estão inscritas em torno da temática da mulher em relação com a cidade. Filiados à abordagem teórica da Análise de Discurso materialista, problematizamos a questão do espaço urbano e do lugar de enunciação para pensar nos modos de subjetivação das mulheres. Buscamos explorar o “estar na cidade” como um modo de ser mulher, um modo de significá-la. Nosso material de estudo é composto por séries televisivas brasileiras que trazem como protagonistas mulheres na cidade de São Paulo. Estamos trabalhando com a produção de sentidos sobre mulheres na materialidade midiática o que nos leva a questionar como circulam as imagens de mulher e de urbanidade. Em nossa análise traremos recortes de cenas que nos permitam explorar a construção da subjetividade feminina e dos efeitos de sentido produzidos na interpelação pelo espaço urbano. Pensamos os sentidos postos em circulação pelo discurso televisivo enquanto processo e não como algo já definido previamente. Isso se dá porque entendemos os sentidos como constitutivamente contraditórios haja vista que eles são efeitos produzidos nos discursos os quais são regidos pela contradição dada sua condição material frente à ideologia.
    Palavras-chave: Mulheres; Cidade; Televisão; Sentidos


20/09 - Sexta-feira
  • Monica Vasconcellos Cruvinel (Universidade Estadual de Campinas)
    Entre rejas y cadenas: mujer, memoria y resistencia
    El presente trabajo tiene como corpus los testimonios de mujeres que participaron como insurgentes en la Guerra Popular de el Perú y fueron encarceladas. Las presas políticas contaron sus experiencias desde la niñez, la militancia, la prisión, las torturas, las violaciones, el aislamiento, la maternidad y la libertad soñada. Así, fundamentada en un abordaje materialista de Análisis de Discurso, pretendo analisar este corpus, observando los procesos de sujeción y subjetivación, dentro de un Aparato Ideológico del Estado (la prisión) en el que la represión, la violencia, la vigilancia y la docilización de los cuerpos interpela los sujetos a constituirse como tales a través de la resistencia. El objetivo de este trabajo es mostrar como los decires de estas mujeres, filian se a diversas memorias discursivas que, por décadas, colocaran algunos discursos en circulación e silenciaron otros. Memorias de pasado que muestran como utilizaron táticas de resistencia para (re)significar el espacio físico de la prisión y el espacio simbólico que ocupan las mujeres en la sociedad latinoamericana. Memorias compartidas de futuro, que se fundan en una “nosotras”, en discursos que vislumbran nuevas posibilidades de luchas revolucionarias.
    Palavras-chave: Mujer Revolucionaria; Prisión; Memoria; Resistencia; Análisis de Discurso.

  • Ana Josefina Ferrari (Universidade Estadual de Campinas)
    Memórias de mulheres batuvanas
    Recordação, lembrança, reminiscência, palavras que vêm à tona quando falamos de memória. No presente artigo, partimos da hipótese de que os processos de identificação e subjetivação são produzidos a partir de uma relação constitutiva com a memória, em determinadas condições de produção. Propomos, desse modo, observar como esses processos funcionam discursivamente no seu entrelaçamento em depoimentos de mulheres, moradoras da comunidade quilombola de Batuva, município de Guaraqueçaba- Pr, declarada remanescente de quilombo a partir da publicação no Diário Oficial da União em 2006. Pretendemos observar quais são os processos discursivos que constituem a memória a partir da qual essas mulheres quilombolas significam e se significam, e analisar como eles se configuram em suas falas. Assim, descreveremos o funcionamento dos processos de sentido que constituem a memória discursiva em relação com os processos de subjetivação e de identificação que constituem o sujeito de discurso, no nosso caso, as mulheres quilombolas. Filiamos nosso trabalho teórica e metodologicamente à Análise de Discurso francesa, especificamente através dos textos de Pêcheux (1975); Courtine (1981); Orlandi (1996; 1999; 2001, 2010), Payer (1993; 1999), Zoppi Fontana(2004), entre outros.
    Palavras-chave: Memória; Mulheres Quilombolas; Análise do Discurso.

  • Águeda Aparecida da Cruz Borges (Universidade Federal de Mato Grosso)
    No silêncio do dizer e da nomeação: fortaleza e constituição da resistência da mulher Xavante
    O presente trabalho tem aporte teórico na Análise de Discurso Materialista e amplia a investigação e análises da minha tese de doutorado. Pretendo verificar os processos de identificação/subjetivação do sujeito “mulher”, indígena”, “Xavante”, de acordo com as especificidades étnicas, culturais e sociais, que funcionam como um jogo complexo de permanência e mudança, de memória e esquecimento, de palavras silenciadas e interditadas, no contexto de inserção da mulher indígena no espaço urbano. Observo como se dão os deslocamentos de construção social identitária, que se produzem em condições de produção marcadas por relações de força e poder, mostrando como essas mulheres são interpeladas a ocuparem determinadas posições no discurso. O objetivo deste trabalho é analisar a paradoxal, forte e silenciosa presença de mulheres Xavante, “naturalizada” no dizer homogeneizante de índi(os) do povo Xavante em Barra do garças-MT. Esse modo de generalização pelo nome masculino abre possibilidades para discutir questões de gênero e a resistência das mulheres Xavante na referida cidade.
    Palavras-chave: Identificação/subjetivação; Espaço urbano; Mulher Xavante.

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  • Ana Paula Peron (Universidade Estadual de Campinas)
    Violência contra a mulher e práticas de resistência: a questão da identificação ao discurso institucional
    Ancorando-nos na Análise de Discurso de vertente materialista, o objetivo deste trabalho é pensar sobre as práticas de resistência do sujeito mulher diante da violência doméstica e familiar a ela perpetrada por seu parceiro na relação amorosa. Para empreender esse gesto, partimos de relatos de mulheres que, ao experienciarem tais situações de violência, procuram uma instituição de referência/apoio/defesa à mulher como forma de amenizar e tentar resolver a situação em que se encontram. Importa-nos analisar a materialidade desses relatos para observar a resistência nos processos de interpelação ideológica produzidos pelo atravessamento institucional e perguntamo-nos sobre a possibilidade de resistir à violência por meio da identificação do sujeito a esse discurso. Na instituição, produz-se credibilidade e legitimação aos dizeres das mulheres e, assim, nós a compreendemos como um lugar de enunciação que estabelece uma relação constitutiva com os processos de subjetivação e resistência para o sujeito mulher. Por isso, acreditamos que o fato de (d)enunciar a violência nessa instituição que se coloca em defesa da mulher possa ser visto como uma prática de resistência do sujeito, produzindo (re)significações no modo de pensar-se mulher e de enfrentar a violência.
    Palavras-chave: Mulher; Práticas de resistência; Instituição; Interpelação ideológica.

  • Helen Ulhôa Pimentel (Universidade Estadual de Montes Claros)
    Adultério nos textos legais e a questão de gênero
    Essa comunicação traz um recorte de um trabalho maior que procura discutir, no terreno da subjetividade, textos normativos, discurso moral e processos eclesiásticos, sob o prisma das relações de gênero. O fragmento a ser apresentado discute como o adultério foi abordado nos textos legais portugueses e nas normas da Igreja. Pelas análises realizadas percebemos que a busca de organizar o mundo social da época implicava em tornar legítimas distinções sociais, sexuais e étnicas, e que isso foi feito de forma muito clara por meio do controle que se procurava exercer sobre o casamento e a sexualidade. O trabalho de interpretação foi possibilitado pela construção de um dispositivo analítico que utilizou Análise de Discurso, Representações Sociais, Imaginário e Gênero. A análise dos discursos normativos permitiu perceber que a construção das sexualidades lícitas e ilícitas, a hierarquização das relações de gênero, de etnia e de condição social foram instrumentos de “civilização” e exploração dos habitantes da colônia portuguesa na América.
    Palavras-chave: Casamento; Gênero; Discurso; Adultério; Igreja.

  • Giovanna Gertrudes Benedetto Flores (Universidade do Sul de Santa Catarina)
    Modos de subjetivação do feminino no primeiro jornal dedicado as mulheres: o jornal das senhoras, de 1852
    O século XIX foi marcado por inúmeras transformações no Brasil-Colônia como a instalação da imprensa e a fundação do discurso jornalístico brasileiro. Mas se nas duas primeiras décadas os jornais que circulavam na Corte eram de predominância política e dirigido aos homens, foi somente a partir dos anos 50 do século XIX que surgiu o primeiro jornal dedicado à mulheres: O Jornal das Senhoras, editado por Joanna de Paula Manso de Noronha. Circulando na Corte, o periódico tinha como proposta incentivar a “emancipação moral das mulheres”, embora colocasse os interesses da família como prioritários. O que percebemos, a priori, é que as mulheres eram praticamente invisíveis na imprensa que começava a se formar. Portanto, entendemos que naquele período, havia um processo de apagamento do feminino na imprensa no período do império. Nossa pesquisa tem como suporte teórico a Análise do Discurso, desenvolvida na França por Michel Pêcheux e no Brasil por Eni Orlandi, produzindo gestos de interpretação que buscam compreender o funcionamento das práticas sociais em diferentes épocas.
    Palavras-chave: Discurso Jornalístico; Imprensa feminina.


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