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65.1 Gênero e sexualidades

Coordenador@s: Maria José Fontelas Rosado-Nunes (PUC - SP), Myriam Aldana V. Santin (Unochapecó)
As religiões constituem-se como um componente importante das relações sociais, mesmo nas sociedades contemporâneas, modernas e secularizadas. Nas últimas décadas, vivenciamos tanto um grande dinamismo no campo religioso, quanto deslocamentos no âmbito dos pressupostos do Estado Moderno com o empenho de setores religiosos conservadores para a retomada da centralidade da religião na vida política e social. Ao mesmo tempo em que se observam práticas mais fluídas no campo religioso também as tensões são acentuadas com conseqüências diretas sobre a vida das pessoas: a questão do véu na França, dos direitos sexuais e reprodutivos na América Latina, da realização de acordos com o Vaticano por democracias laicas cujas constituições provisionam o respeito e a liberdade religiosa.
Em 2008, o Presidente Lula assina, em Roma, uma Concordata com a Santa Sé com a justificativa de que este documento apenas reúne em único instrumento leis já existentes, porém, dispersas na legislação brasileira. No entanto, um exame mais detalhado do documento, que foi negociado em total sigilo, revela uma ampliação dos privilégios da Igreja Católica, além de reforçar as controvérsias em torno do ensino religioso nas escolas públicas. O debate que se seguiu após o anúncio da
Concordata levantou várias questões por parte dos diferentes setores da sociedade, inclusive por atores do campo religioso contrários ao acordo. Em particular, observa-se que a Concordata fere o princípio da laicidade ao re-simbolizar as relações Estado/Igreja a partir da idéia de que a nação é religiosa. Considerando-se que este acordo representa um ponto de inflexão na relação Estado/religiões no Brasil, o presente simpósio tem como objetivo reunir reflexões sobre: 1) os artigos que compõem o texto assinado entre Brasil e Vaticano; 2) o contexto no qual resultou esse acordo incluindo sua perspectiva histórica; 3) o impacto sobre o campo religioso; 4) os deslocamentos que este acordo opera na política; e 5) as repercussões sobre a diversidade religiosa. Este ST está aberto a análises a partir de diferentes disciplinas e perspectivas teórico-metodológicas que possam contribuir para uma compreensão ampla do caso, de como isso recoloca questões para o feminismo e para a área dos estudos de gênero, política e religião.

Local: Sala 311 do CFH

Resumos


25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Júlio César Kunz (UCS)
    O senhor fálico e o escravo feminino: o masculino dominado pela masculinidade
    “Quem soubesse quanto pesa um cetro não se daria o trabalho de erguer se encontrasse um no chão” (Michel E. de Montaigne)
    Quanto pesa o cetro do Rei Selêuco? Talvez não seja o peso do cetro o que mais incomode e torne a sua vida um pesadelo, mas mantê-lo erguido todo o tempo. O falo do rei está sempre em sua mão, rijo e levantado, pronto para demonstrar autoridade e masculinidade sempre que requerido e, se não for, há de se ser pró-ativo, pois isso também é ser macho. Nas relações de gênero, a dominação masculina agride diretamente o feminino e ridiculariza o não-masculino, mas quem é dominador e dominado nessa totalidade dialética? O feminismo e o movimento GLBTT toma(ra)m o cetro do rei fálico. Mas, ainda que tentem subverter a lógica da dominação, só têm sentido dentro da totalidade de dominação masculina, e foram devidamente classificados como dominados. As conquistas das mulheres na sociedade brasileira, ao invés de apagar as fronteiras de gênero, as masculinizam. Assim como na relação senhor/escravo em Hegel, o homem também é escravo do masculino. Neste estudo, com base Bourdieu (2002) nos propomos a discutir o totalitarismo imposto às relações de gênero que restringem as possibilidades de realização do homem fora da heterossexualidade e da homossexualidade caricata.

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  • Caroline Jaques Cubas (UFSC)
    Corpos para servir: memórias, expectativas e enfrentamentos durante o processo formativo das Irmãzinhas da Imaculada Conceição após o Concílio Vaticano II
    A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fundada em fins do século XIX, ganhou forte ênfase após o ano de 2002, devido a canonização de Santa Paulina. Durante a década de 1960, o direcionamento do trabalho de religiosos e religiosas recebeu novas diretrizes, estabelecidas pelo Concílio Vaticano II. Este foi alvo de críticas dentro da própria Igreja. Entre os debates causadores de grandes conflitos podemos ressaltar propostas de reforma interna da instituição. Estas foram cruciais por sugerirem reformulações da Igreja em relação ao seu próprio papel e sentido social. Tais elementos sugerem a existência de inúmeras contradições dentro das quais se encontraram aqueles que se dedicaram a vida religiosa nos anos que sucederam a realização do Concílio Vaticano II. Este trabalho propõe pontuar como tais direcionamentos foram vivenciados e acabaram por influenciar as fases do processo formativo e mesmo o direcionamento apostólico dentro da congregação acima citada. O acesso aos diretórios e constituições, aliados a um conjunto de entrevistas compõe o corpo principal das fontes que nos possibilitam refletir acerca das especificidades do processo formativo e dos direcionamentos apostólicos experienciados pelas Irmãzinhas da Imaculada Conceição após o Concílio Vaticano II.
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  • Juliana Darós dos Santos (UFSC)
    Raça, sexualidade e gênero nas revistas do IHGB
    No início do século XX, ainda um período de transição do regime monárquico para o regime republicano, parte da sociedade letrada brasileira passou a valorizar a variedade regional, étnica, cultural do Brasil, tendo como objetivo apresentar um modelo mais integrador da nação de acordo com as ideias de progresso e civilização. Contudo, pensar em questões nacionais, implicava também discutir o país como nação. Um dos problemas apontados é que, em 1822, o Brasil se constituiu como Estado, antes mesmo de se construir como nação. Além da busca incessante por estudos históricos para a construção de uma nacionalidade, outro fator que estava em jogo era a “questão racial”. Os discursos publicados pela revista, além de utilizarem o aspecto racial, simultaneamente procuraram também, no fator sexual, mecanismos estratégicos para justificar a sujeição racial de índios, negros e mestiços, perante a superioridade da “raça branca européia”. Esse trabalho procura debater esta interface entre gênero, sexualidade e raça, na construção do discurso do IHGB, nesse período, mostrando como esses aspectos formaram um conjunto nas explicações sobre a formação do povo brasileiro, especialmente quando se tratava da história colonial.
  • Patrícia Abel Balestrin (UFRGS)
    Gênero, desejo e prazer: um ensaio de análise fílmica
    Apresento, neste trabalho, um recorte de minha pesquisa de doutorado intitulada “Nem toda brasileira é bunda”: representações de gênero, sexualidade e brasilidade no cinema nacional.
    Tomando como referenciais teórico-metodológicos a análise cultural, a “etnografia de tela” e os estudos feministas, procuro, neste ensaio de análise fílmica, enfatizar o cruzamento de fronteiras - tanto geográficas como de gêneros e de sexualidades - presente no filme O Céu de Suely. Além de desestabilizar noções historicamente associadas ao feminino, o filme mostra a complexa relação da mulher com o prazer e com o desejo. Nosso olhar acompanha os deslocamentos da protagonista Hermila-Suely, sua inusitada mudança de plano e a persistência do desejo de liberdade. O diretor Karim Aïunoz relata que este filme foi inspirado na sua percepção de que a atitude de ir embora, em geral, é protagonizada pelos homens e quis justamente mostrar como seria a partida de um ponto de vista feminino. Desejava mostrar que as mulheres também podem partir. Que as mulheres também podem desejar partir. Que as mulheres não precisam ser mães a vida inteira, incondicionalmente, mas podem deixar que seus filhos/as fiquem aos cuidados de outras pessoas que desejem fazê-lo. E foi exatamente disto que O Céu de Suely ousou tratar.

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  • María de Fátima Valdivia del Rio (Programa de Estudios de Género-UNMSM)
    El sexo más sensible naturalmente debe ser el más patriota: sexualidad y nación en la Lima decimonónica
    Discursos en torno a las mujeres criollas como reproductoras de un modelo de la nueva nación peruana y a las mujeres subalternas invisibilizadas que no reproducen nación, sin educación y que reproducen los vicios de la época realista. En esta ponencia iniciaremos una reflexión en torno al análisis de discursos formales sobre "las mujeres peruanas" (su valor patriótico y los significados de la mujer patriota), contrastándolo con los discursos de hombres y mujeres subalternos sobre la sexualidad de las mujeres y sus cuerpos. Presentaremos si los discursos de honor y sexualidad, en torno a los cuerpos subalternos y criollos, construyen un discurso sobre el mestizaje de la mujer peruana en contraste con el discurso subalterno sobre el cuerpo y el honor. A pesar del creciente interés por proteger la reputación femenina como un medio de mantener el sistema moral decimonónico, las mujeres subalternas resistieron y subvirtieron esta diferenciación. A través del análisis de periódicos de la época y de material del Archivo Arzobispal de Lima, presentaré las formas cómo el cuerpo y el honor configuraron las relaciones de clase, raza y género en la Lima del siglo XIX y veremos de qué manera la clase y la raza construyen un sujeto histórico femenino en un contexto independentista.
  • Juliana Sampaio (UFCG), Daniel Henrique Pereira Espíndula (UFES)
    O corpo na roda: discutindo o cuidado com o corpo com adolescentes de Petrolina em defesa dos seus direitos sexuais e reprodutivos
    A autonomia e o cuidado com o corpo são fundamentais para o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos e vivência da sexualidade de forma prazerosa e segura. Contudo, as relações assimétricas de gênero marcam a forma de diversas adolescentes se relacionarem com seu corpo. Em 4 comunidades populares de Petrolina-PE foram realizadas 10 rodas de conversas com cerca de 8 jovens do sexo feminino, entre 10 e 19 anos, sobre saúde sexual e reprodutiva. As falas produzidas nas rodas foram submetidas à Análise de Conteúdo Temática, da qual se observa que tais meninas desconhecem o seu corpo fisiológica e anatomicamente e temem que ele denuncie seus desejos e experiências sexuais; percebendo a menstruação como suja, negativa e vergonhosa. Apoiadas em discursos cristãos, o corpo “sexualizado” precisa ser constantemente higienizado, não sendo propostas outras formas para seu cuidado, seja para evitar cólicas ou doenças, nem sugeridas consultas ginecológicas. Nas rodas de conversas, foram oportunizados às adolescentes novos discursos sobre seus corpos, a partir da troca de dúvidas e anseios, construindo conhecimentos em coletivo. Isto se mostrou uma estratégia de construção de autonomia frente ao seu corpo e uma ferramenta para o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
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  • Joyce Mayumi Shimura (UEM)
    As possibilidades de abordagem reflexiva sobre gênero e sexualidade na sala de aula
    O ambiente escolar é uma das principais instituição para socialização dos indivíduos, nela há a construção de novas interações sociais, mas também, a reprodução das interações já existentes como as práticas sociais discriminatórias e preconceituosas. Embora, os estudantes sejam as maiores vítimas de discriminação e preconceito no ambiente escolar, professores e funcionários também são vitimados. Além de vítimas, os professores são aqueles que deveriam, por um lado, combater o preconceito e a discriminação e, por outro, disseminar ideias de tolerância, respeito e cidadania entre os estudantes. Ao considerar os estudos sobre a sexualidade humana de Michel Foucault e os pesquisas sobre a Teoria Queer, de Judith Butler, conclui-se que a identidade sexual humana não é natural, mas algo (re)construído no tempo histórico-social. Assim, este artigo tem como objetivo expor aos professores possibilidades de abordagem reflexiva junto aos estudantes de Ensino Médio sobre a questão da identidade de gênero e diversidade sexual, incluindo as noções de Direitos Humanos e Cidadania.
  • Manuelle de Oliveira Inácio (UFRN), Marluce Pereira da Silva (UFRN), Francisco Fred Lucas Linhares (UFRN)
    A constituição de subjetividades de mulheres apenadas: o exercício da sexualidade e afetividade na sociedade de normalização
    O trabalho apresenta resultados preliminares de uma pesquisa que tem como temática a construção de subjetividades de sexualidade e de gênero por mulheres que se encontram em regime carcerário na cidade de Natal/RN. E, pensando nas configurações de poder vivenciadas nos arranjos afetivo-sexuais em que se envolvem as apenadas, perguntamos: como são percebidos no cotidiano prisional efeitos de poder da heteronormatividade no processo de construção da conduta afetivo-sexual de mulheres apenadas hetero e homossexuais? Objetiva-se investigar a construção de subjetividades no exercício da afetividade e da sexualidade em posicionamentos discursivos de mulheres que se encontram em instituições penais, buscando apreender nas suas narrativas efeitos de poder da heteronormatividade sobre as suas performances de gênero e de sexualidade, quando envolvidas em arranjos hetero e homoafetivos no cotidiano prisional. Adotaremos conceitos como relações de poder, normalização e práticas de liberdade e a arte de governar condutas que agem sobre o corpo e sobre a própria vida (FOUCAULT, 1979); estudos acerca de gênero e de sexualidade (BUTLER, 2008; SCOTT, 1994) para construirmos as narrativas de si de mulheres apenadas.
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26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Sandra Aparecida de Bem Stefanes (UNESC), Nelca Giorgiana Figueredo (CESUSC)
    Sexualidade de mulheres com deficiência física: percepções sobre relacionamentos amorosos
    Este estudo é de natureza exploratório-descritiva e teve por objetivo compreender de que forma a mulher com deficiência física se percebe e se relaciona com a própria sexualidade. Metodologia: Os dados foram coletados nos meses de fevereiro a maio de 2007, por meio de entrevistas semi-estruturadas. A população do estudo foi composta por cinco mulheres com deficiência física e freqüentavam a Associação dos Deficientes Físicos de Criciúma (JUDECRI) – SC, Brasil, sendo estas com grau de escolaridade entre o ensino fundamental incompleto ao doutorado. As informações foram submetidas à técnica de análise de conteúdo de Bardin, das quais surgiram três categorias principais: sexualidade e relacionamentos amorosos; auto-imagem e percepção pelo do olhar do outro; e finalmente; comportamento mais utilizado frente às relações amorosas e sexuais. Conclusão: Pode-se perceber que a questão da sexualidade da mulher com deficiência física ainda é um tema repleto de mitos, pré-conceitos e estigma que contribuem de maneira negativa na percepção da deficiência. Em nossa sociedade, valores como a beleza física e a perfeição são muito apreciadas e amplamente anunciadas pela mídia, fazendo-nos equivocadamente a imputar ou limitar a sexualidade à aparência física.
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  • Rafael Domingues Lenz Cesar (UFF)
    Mulheres negras e o paradigma colonial: afetividades, sexualidades e outros exercícios revelados em Balada de amor ao vento, de Paulina Chiziane, e O olho mais azul, de Toni Morrison
    O espaço conceitual da “raça” (enquanto fenômeno social, e não biológico) é fundamental para entender os efeitos do colonialismo nas relações sociais estabelecidas ainda hoje. Não me refiro somente ao racismo explícito manifesto em injúrias ou violências. Trata-se, mais amplamente, de todo um campo semântico relacionado à noção de raça, em que podem estar envolvidas questões como religiosidade, moda, culinária, música, linguagem verbal e, até mesmo, a afetividade e a sexualidade. No presente trabalho, pretendo investigar as relações entre raça e gênero nos romances Balada de amor ao vento, de Paulina Chiziane, e O olho mais azul, de Toni Morrison, escritoras que retratam tempos e espaços diferentes, mas nos quais uma série de experiências relacionadas às construções sociais de raça e gênero ligam as suas protagonistas, Sarnau e Pecola, respectivamente. Focando-me no exercício da sexualidade e da afetividade das personagens, proponho que a presença ou a herança das relações coloniais produz contextos que atingem de maneira específica as mulheres negras, atravessando espaços da África e da diáspora africana.
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  • Viviane Teixeira Silveira (UFSC)
    Narrativas de si: produção do gênero e da sexualidade feminina no currículo da ESEF/UFPel
    As narrativas de antigas professoras e ex-alunas da Escola Superior de Educação Física de Pelotas/RS (ESEF), colhidas e analisadas por meio dos pressupostos teórico-metodológicos da história oral, constituíram esse trabalho que investigou a produção do gênero e da sexualidade feminina na construção da ESEF/Pelotas. O método utilizado para a investigação foi a entrevista-depoimento realizada com as antigas professoras e ex-alunas, que participaram dos primeiros anos da escola de Educação Física. A construção de uma narrativa de si e as relações com o estabelecimento do currículo da escola foram os objetos centrais desta pesquisa. Os marcos teóricos utilizados nas análises foram as teorias pós-estruturalistas de gênero, como as teses de Judith Butler, e os ensaios de Michel Foucault sobre a produção narrativa de si e os processos de subjetivação. Esta investigação teve como objetivo central a configuração de um currículo generificado e sexuado (en)gendrado na ESEF/UFPEL, no período de 1971 a 1989, refletindo sobre as condições de possibilidade de formação universitária de mulheres numa determinada época.
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  • Paula Faustino Sampaio (UFPB Virtual)
    (Des)ordem no santuário da família: discursos e representações sobre práticas sexuais na vila de Cabaceiras-PB, 1930-1949
    Em uma abordagem sócio-cultural da história, o presente trabalho tem a intenção de refletir sobre as práticas sexuais e sobre a ação da família e da Justiça em casos de mulheres que denunciaram, ou não, seus parceiros sexuais, em Cabaceiras, PB, entre 1930 e 1949. Para tal, analiso as representações sobre mulher, sobre homem, de diferentes grupos sociais, e sobre a família no discurso de membros da justiça e de mulheres, em processos-crimes de mulheres contra parceiros sexuais, e trechos de relatos orais de memória de mulheres com idade entre sessenta e nove e um anos, que fazem referência às experiências sexuais naquele período, quando o Estado e a Igreja difundiam suas políticas sexuais disciplinares. A esta documentação, são aliadas leituras acerca da construção das representações, dos discursos, das práticas de homens e mulheres, que permitem pensar acerca das formas de relacionamento afetivo e conjugal no interior da região Nordeste. Por fim, procuro destacar as experiências que foram de encontro às normas impostas pela Igreja, pelo Estado e pela família e, por outro lado, as experiências de conformação às normas.
  • Ricardo dos Santos Batista (UFBA)
    “A caminho do ouro, paixões e prazeres”: representações femininas e cotidiano da prostituição no Galeão de Jacobina (1940-1960)
    A busca pela modernidade e pela manutenção da estrutura vigente de família e moralidade incentivou a imposição de um modelo comportamental para as mulheres, fomentando a repulsa contra as profissionais do sexo. Contudo, os processos crimes revelam que para além do discurso, as prostitutas participavam de uma rede de sociabilidades, na qual predominavam paixões, ciúmes e também violência. No final da década de 1940, foi construído um famoso prostíbulo, o “Galeão”, que junto à possibilidade de enriquecimento fornecida pela extração de ouro, atraía mulheres de diversos lugares do Nordeste como Piauí e Ceará, além de prostitutas estrangeiras que tinham como destino primeiro a cidade de Salvador. O Galeão buscou ressignificar o conceito de prostituição, criando um meretrício de luxo. E as mulheres que vinham de outros lugares foram peças fundamentais na construção de um novo espaço social no qual as relações entre homens e mulheres relevaram diversos aspectos da cultura jacobinense e baiana no período estudado, a exemplo das relações hierárquicas de classe, a relação social com o corpo e com a sexualidade.
  • Renata Biagioni Wrobleski' (USP)
    Desestabilizando padrões e reinterpretando o óbvio: o coletivo artístico Fierce Pussy
    Como pensar a cidade tomada por aqueles que são capazes de dominar espaços e campos visuais - ao possuí-los temporariamente através do poder econômico que dispõe – e aqueles que atropelam a validade destes primeiros, redefinindo-os a partir de ações e intervenções artísticas? Basta uma idéia copiada inesgotavelmente em folhas de papel, e uma noite pela cidade para que o coletivo nova-iorquino Fierce Pussy, ativo na década de 90, retirasse a cidade da confortável invisibilidade de sua sexualidade. Atravessa, investiga, subverte a lógica da categorização – que subdivide todos os espaços e esferas da vida em guetos simbolicamente vinculados – de forma estética e política, em combinações que rompem com os espaços designados à sexualidade, à arte e os designados à vida, provocando e desafiando as noções deterministas de sexualidade e arte como estado/categorias permanente. Tomando como base uma pesquisa bibliográfica e documental, esta comunicação visa analisar as circunstâncias que propulsionam estratégias sublimação das categoriais artísticas, sociais e sexuais não hegemônicas. Refletindo a partir das ações do coletivo, especificamente sobre formas de arte urbana que rompem o status quo, fissurando redes e identidades tradicionalmente estabelecidas.
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