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66.1 Religião e relações de gênero

Coordenador@s: André Sidnei Musskopf (Escola Superior de Teologia), Marcelo Tavares Natividade (Museu Nacional - UFRJ)
A relação entre sexualidade e religião tem produzido, ao longo dos séculos, uma infinidade de respostas, códigos e tradições. Recentes transformações sociais colocaram em evidência o surgimento de respostas religiosas muito plurais no próprio campo das instituições e manifestações religiosas e, também, no âmbito dos discursos e práticas da sexualidade. Os desafios de compreensão, na contemporaneidade, das inovações e reinvenções de normas e convenções sociais tornam premente a discussão, especialmente, no que tange aos modelos de sexualidade que escapam ao padrão da heterossexualidade e compõe as ditas “sexualidades dissidentes” ou a “diversidade sexual” e a influência das religiões sobre elas. Este ST tem o propósito de colocar em discussão diferentes aspectos da temática, abrangendo uma multiplicidade de enfoques, incluindo aqueles ligados ao político e aos direitos sexuais, bem como ao plano das experiências religiosas e das cosmologias e rituais. A proposta é promover o debate entre pesquisadores que estudam os nexos entre homossexualidades e religiões em distintas matrizes tanto no Brasil como em outros contextos nacionais.

Local: Sala 610 do CED

Resumos


25/08 - Quarta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Maria de Fátima Paz Alves (UFRPE)
    Gênero, sexualidade e Ethos pentecostal: Um estudo de caso
    No trabalho abordamos o modo como se configuram relações de gênero num contexto pentecostal de Recife/PE. Analisamos a divisão sexual do trabalho religioso na Assembléia de Deus, focalizando o modo como status e poder são distribuídos em função de sexo e idade. Destacamos a importância da sexualidade para o ethos religioso, sua centralidade no feminino e como isto se traduz em maior controle sobre a aparência e os comportamentos das mulheres, a exemplo da segregação das moças não virgens de entre os/as jovens, e do modo como se concebe a homossexualidade neste contexto. A escolha por pertencer à denominação marca a adesão a uma moral específica que mais que outros preceitos distingue o/a ser assembleiano dos/as demais, observando-se, notadamente em relação ao gênero, uma imbricação entre a “doutrina da igreja”, “valores modernos” – individualistas - e “valores tradicionais” - ligados à cultura brasileira -, com nuances em função da pluralidade de contextos a que remetem tal adesão. O trabalho tem por base pesquisa de base qualitativa com adeptos/as e ex-adeptos/as da AD (em sua maioria, jovens), em 2006 e 2007.

26/08 - Quinta-feira - Tarde (14h às 18h)
  • Amanda Motta Angelo Castro (UNISINOS), Edla Eggert (UNISINOS)
    Pensamento mágico e mística na vida religiosa de mulheres: reflexões a partir do pensamento de Simone de Beauvoir e Marcela Lagarde
    O artigo aqui apresentado tem como objetivo principal realizar algumas reflexões a partir do pensamento da Filósofa feminista francesa Simone de Beauvoir (1908 – 1986) e a Antropóloga feminista mexicana Marcela Lagarde, professora da Universidad Nacional Autónoma do México - UNAM. Propomos aqui pensar o que ambas escreveram sobre mulheres e religiosidade. Refletirmos sobre o pensamento de Beauvoir e Lagarde na nossa pesquisa empírica, que esta sendo realizada num ateliê de tecelagem localizado em Alvorada, região metropolitana de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul. Com o viés, educação, gênero, religião e trabalho artesanal realizado por mulheres, nossa pesquisa busca problematizar e compreender a pedagogia das femilinidades aprendidas na sociedade e reafirmadas na igreja pentecostal Assembléia de Deus e suas implicações no trabalho de mulheres tecelãs. Refletindo a partir do pensamento e da epistemologia feminista, como é a experiência de religiosidade das mulheres pentecostal? Existem peculiaridades na experiência dessas mulheres? Ou a experiência é igual para ambos os sexos? Aqui, a partir do pensamento feminista e da empíria com mulheres pentecostais buscamos realizar alguns apontamentos.
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  • Alexandre Ribeiro Martins (PUC - PR)
    A rezadeira Maria Joanna de Azevedo: representação feminina na visitação do santo ofício ao estado do Grão-Pará em 1766
    No período setecentista, a metrópole lusitana estendeu, com muito zelo, a sua vigilância inquisitorial às terras ultramarinas. Homens e mulheres passaram a ser observados pelos olhares atentos dos inquisidores, sensíveis a qualquer anomalia religiosa. Nosso estudo tramitará em dois campos: gênero e religião, uma vez que estenderemos nossos olhares a uma mulher rezadeira, chamada Maria Joanna de Azevedo, e dela, desdobraremos conjecturas inerentes ao papel do feminino na vivência religiosa da colônia brasileira no século XVIII. Dentre as várias orações e peculiaridades confessadas por Maria Joanna de Azevedo, uma em especial nos chama particular atenção, por invocar um santo católico, contudo, ressignificado pela crendice popular, na Oração de Sam Marcos de Veneza. A rezadeira Maria Joanna de Azevedo: representação feminina na Visitação do Santo Ofício ao Estado do Grão-Pará em 1766 é portanto, um estudo acerca deste processo de relações de poder e mentalidades, resultante dos aparatos concedidos pela história cultural, para então, revelar uma face feminina, no Brasil colonial do século XVIII.
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  • Ana Claudia Ribas (UFSC)
    À sombra das virgens: os códigos de conduta da ‘Pia União das Filhas de Maria’ na primeira metade do século XX
    A Igreja Católica, durante a primeira metade do século XX, tomou para si a função de produzir discursos normatizadores, no intuito de ampliar sua influência na sociedade que se modernizava e conseqüentemente passava por grandes alterações, ameaçando afastar-se dos preceitos religiosos tradicionais. Para aumentar a eficácia destes seus discursos, nas primeiras décadas do século passado, o catolicismo investiu na formação de associações leigas, regidas atentamente por clérigos. Uma dessas associações, destinada às jovens donzelas católicas, era a Pia União das Filhas de Maria, cujo objetivo estava para além da propagação de fé católica, preocupando-se em efetivar códigos morais baseados no controle da sexualidade e dos corpos. Com objetivo de compreender como se articulavam os discursos dessa associação feminina católica e seus diálogos com seu momento histórico, analisamos o conjunto de códigos de conduta destinados a Pia União das Filhas de Maria, cientes da influência que esta associação exerceu frente a muitas famílias católicas durante o decorrer do século passado.
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  • Joanice Santos Conceição (PUC - SP)
    Desvelando masculinidades e feminilidades no culto de Babá Egun
    Localizado na Ilha de Itaparica, o culto de Babá Egum vem ao longo de décadas preservando, ainda que reelaborados e reinterpretados valores culturais, pois conserva características mortuárias de vivências africanas transplantadas para o Brasil. Este culto carrega o trato com a temática mortuária; pouca visibilidade dada às tarefas essenciais desempenhadas pelas mulheres e a pertença ao candomblé, aspectos fulcrais na configuração da identidade do grupo, tornando-se único, quando comparado com os demais rituais mortuários práticados no Brasil, sobretudo em relação à construção das masculinidades e feminilidades, já que as mulheres possuem espaço e funções limitados. Para justificar tais restrições, mulheres e homens realizam performances consideradas femininas e masculinas para assegurar o status. Assim, o culto não apenas conserva esses elementos como também cria um espaço supostamente masculino. O presente artigo discute a construção de masculinidades e feminilidades; o conjunto de símbolos que envolvem tais rituais, a partir das concepções de vida e de morte; a relação com o medo e por fim, aspectos que fortalecem a identidade do grupo.
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  • Joice Meire Rodrigues (PUC - SP / UNEC), Neuza de Fátima Brandellero
    Genero e religiao divulgados atraves de revistas e periodico cientifico
    O objetivo deste estudo foi analisar a produção de artigos sobre gênero e religião nos anos de 2001 a 2007. Para cumprir este objetivo, este trabalho realiza um levantamento em duas das principais publicações brasileiros centradas na problemática de gênero: Cadernos PAGU, Revista Estudos Feministas; e na Revista Eclesiástica Brasileira, uma das publicações mais relevantes para a Igreja Católica no Brasil e de grade circulação no meio acadêmico eclesial. A conclusão da pesquisa foi que a partir destas publicações pode se notar a necessidade de análise sobre o crescimento dos estudos de gênero sob uma ótica religiosa e o surgimento de novas abordagens e metodologias.
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  • Reginaldo Ferreira Domingos (UFC)
    O poder da oralidade africana: as falas femininas nas religiões de matrizes africanas de Juazeiro do Norte – CE
    Neste trabalho nos propomos a trazer à tona uma análise sobre a importância da oralidade para as sociedades africanas e de forma analógica fazer uma ponderação de sua presença nos terreiros de candomblé de Juazeiro do Norte. De tal modo, é notável a palavra como fator de indubitável importância na transmissão do conhecimento nos terreiros, pois a palavra abona a existência dos seres, a resistência e também a continuidade de práticas religiosas e culturais. A palavra ao ser pronunciada pelo ato da fala efetiva a existência de algum ser, isto é, não é apenas simples convenção ou pronuncia. O presente trabalho busca compreender a relação da oralidade nos terreiros de Juazeiro do Norte, para tanto é necessário entender o grau de complexidade e relevância da palavra nas sociedades africanas e a relação destas com os significados e as funções da palavra, numa relação mútua. Em conclusões parciais, é notável que, nos terreiros de Juazeiro do Norte, a oralidade, nas vozes das mulheres, é o fator que garante a continuidade e transmissão dos ritos, dos mitos, das tradições e da formação identitária.
  • Janaina Carneiro da Costa (UFPB), Juliana Nunes Pereira (UFCG)
    O perigo que ainda não vimos: protagonismo eclesiástico no Plano Social de Mobilização pela Educação
    O Plano de Mobilização Social pela Educação, lançado pelo MEC em maio de 2008, tem se efetivado com a participação hegemônica de igrejas evangélicas e católica (que, inclusive, podem divulgar livremente seus materiais publicitários relacionados ao Plano) na mobilização das famílias para assumirem sua responsabilidade no acompanhamento da vida escolar dos filhos e na fiscalização das escolas, objetivo principal do Plano. O presente artigo apresenta-se como recorte de pesquisa de mestrado e problematiza os reflexos do referido Plano sobre as relações de gênero, enfocando aspectos que vão desde a concepção de família que o orienta; sobre o reforço dos papéis tradicionalmente atribuídos às mulheres, especialmente aqueles relacionados a maternidade; bem como sobre o reforço de posturas fundamentalistas e intolerantes quanto as diferenças de gênero, orientação sexual, raça/etnia, classe social e religiosidades não hegemônicas.
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  • Aline Ferreira Oliveira (UFSC)
    Em conexão com a Terra: práticas rituais e concepções sobre o “feminino” no Fogo Sagrado
    Este trabalho traz uma reflexão sobre a construção de concepções a cerca do “feminino” em contexto das práticas rituais de um movimento espiritual internacional conhecido como Fogo Sagrado ou Caminho Vermelho, que tem como seus participantes sujeitos da classe média urbana que passam a iniciar-se em rituais inspirados em práticas indígenas. Busca-se delinear alguns elementos a cerca dos discursos e narrativas sobre experiências rituais - tais como o temazcal, uma espécie de sauna (referenciada como o “útero da mãe Terra”), a busca da visão (um retiro em jejum na mata), a dança do sol (uma dança em jejum), etc. – em que os protocolos rituais e as cosmologias compartilhadas mobilizam concepções que naturalizam o “feminino” (através de noções sobre menstruação, nutrição, maternidade, poder, etc).
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  • Ezequiel de Souza (Escola Superior de Teologia)
    Masculinidades e religião: um olhar teológico
    A comunicação elenca algumas das principais abordagens que a teologia tem efetuado para o estudo das masculinidades. Dentre os principais temas, podem ser enumeradas as dimensões da corporeidade, do poder e da espiritualidade como as mais recorrentes. Compreende-se que as masculinidades são construções históricas e, portanto, existe a possibilidade de uma reflexão crítica acerca de suas experiências concretas. O resgate da corporeidade procura superar a tradicional dicotomia corpo vs. mente, presente na tradição teológica desde Agostinho. A análise da dimensão do poder, por sua vez, demonstra como a religião, em geral, e a teologia, em particular, contribui para a perpetuação de um modelo tradicional de masculinidade, relegando modelos alternativos ao segundo plano. Por fim, a espiritualidade é a tentativa de integração da dimensão do cuidado, a fim de restabelecer a integralidade nos processos de construção das masculinidades.
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